Por Vinícius Guahy
Igor Pinheiro, Daniel, estudante da UFF e Rebeca Letieri
O debate sobre a importância do curso de Jornalismo em relação à prática do mercado de trabalho esteve presente na mesa Pratas da Casa do Controversas, no segundo dia do evento. Segundo os ex-alunos da Universidade Federal Fluminense que participaram da mesa, estudar na instituição garante ao futuro jornalista uma visão mais ampla da sociedade, mas há muitos aspectos da profissão que só são entendidos na vivência profissional.
A ex-aluna Maria Clara Vieira, repórter da Veja, conta que seu caso é bem emblemático. Ela hoje trabalha em um dos veículos historicamente mais criticados pelos professores da UFF. “Eu gosto muito de trabalhar na Veja, tem sido uma experiência muito rica e interessante. O modelo de produção da revista me ensinou a apurar muito e ser rigorosa. Eu não posso responder por sua história, mas tenho aprendido muito por lá”. Ela conta que foi nas aulas da UFF que aprendeu a importância de ouvir os dois lados, o que aplica sempre em suas matérias na revista.
Para a ex-aluna e repórter do Jornal do Brasil Rebeca Letieri, a UFF é muito boa até mesmo quando comparada a cursos no exterior. Durante seus anos de estudante, Rebeca fez intercâmbio na Universidade do Porto em Portugal. “A gente tem um certo complexo de vira lata de achar que nos Estados Unidos e na Europa é tudo melhor, mas a universidade pública no Brasil é incrível. Então quando você chega lá e te ensinam algo que você já aprendeu aqui, você valoriza ainda mais”. Apesar da qualidade do curso, ela acredita que é muito importante que os alunos tenham força para enfrentar o mercado. “Eu venho de uma turma de quase 40 alunos, que eu admiro muito como profissionais, mas a maioria está desempregada”.
Igor Pinheiro, Daniel, Rebeca Letieri, Maria Clara Vieira, Filipe Pavão, Robson Salles e Larissa Morais
O ex-aluno e produtor da Globo News Robson Sales pensa que o aluno deve ter sempre na cabeça que ele não sairá da faculdade já sabendo tudo. “A gente aprende muita coisa na tentativa e erro. Vamos acumulando conhecimento à medida que apuramos as matérias”. Segundo ele, o jornalista hoje está cada vez menos setorizado e assim acaba não tendo um aprofundamento maior nos assuntos. Ele conta que a vivência do dia a dia do jornalismo não é aprendida na faculdade, no entanto a UFF ensina a ser mais crítico e, ainda mais importante, a fazer autocrítica: “Isso o mercado não ensina, aqui aprendemos sobre prática, teoria e no mercado não temos tempo para isso. A UFF te faz pensar”.
Robson percebe que a UFF vem melhorando ao longo dos anos em diversos aspectos, inclusive em infraestrutura. Segundo ele, que hoje trabalha com televisão, durante o curso não aprendeu muito sobre telejornalismo. Mas, mesmo com todos os problemas, ele observa que há muitos ex-alunos da UFF no mercado, inclusive em postos altos.
Igor Pinheiros, que já trabalhou no Esporte Interativo e hoje atua como free-lancer e no coletivo Vote LGBT, os ensinamentos da UFF levam as pessoas para uma viés crítico. “Pelo convívio que tive com pessoas de outras universidades, eu conseguia perceber quem era da UFF e quem não era, a gente tem um senso crítico muito forte e também temos um contato com pessoas de outros cursos muito maior, o ambiente é excelente”. Ele conta que, quando entrou, o curso vivia uma transição, principalmente na área de televisão, mas o que aprendeu em sua maior parte foi no dia a dia do mercado de trabalho. Os debates com os ex-alunos na UFF foram mediadores pelos estudantes Filipe Pavão e Daniel Magalhães, do curso de Jornalismo.
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