Por Rayssa Moura
Ameaças e pânico no cotidiano dos jornalistas foram pauta no primeiro dia do Controversas (26/12). Autores do livro “Você foi enganado: mentiras, exageros e contradições dos últimos presidentes do Brasil”, os jornalistas Cristina Tárdaguila e Chico Otávio falaram do abalo emocional que participar de determinadas coberturas investigativas pode gerar não só em jornalistas, mas em seu familiares. Num tom entre o desabafo e a brincadeira, Cristina afirmou que “o Rivotril (calmante tarja preta) devia vir no contracheque”.
Cristina é diretora da Agência Lupa e Chico Octávio, repórter especial da editoria de política do Jornal O Globo. A dupla dividiu com a plateia de estudantes essa e outras angústias profissionais que carregam. Segundo Cristina, apesar de haver uma estrutura jurídica na mídia tradicional que protege e defende os jornalistas que se envolvem com coberturas de temas polêmicos, do ponto de vista do amparo emocional, o suporte é falho.
Chico Octávio também não fugiu de polêmica. Ele admitiu preocupação em relação a futuras coberturas políticas, durante o governo que está para assumir a administração federal. Para o repórter, será necessário bastante preparo para fazer matérias referentes ao presidente eleito.
O jornalista ressaltou como positiva a presença de veículos alternativos na cobertura das últimas eleições. Por outro lado, disse não ver um bom suporte jurídico aos jornalistas desses meios, o que pode comprometer a atuação da reportagem e desestabilizar o repórter. “Já fui processado várias vezes. Na reportagem tradicional tem defesa jurídica, mas no (veículo) alternativo eu não sei como seria”, registrou.
Na resposta a uma das perguntas da plateia, Cristina Tardáguila mencionou a lista de jornalistas agredidos ou ameaçados, durante o processo eleitoral de 2018. O nome dela era o terceiro entre os 137 jornalistas listados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Ela disse que, como jornalistas, persegue a verdade, mesmo sabendo que isso é uma utopia.
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